
Andréa Hygino atua como artista visual, arte-educadora e professora. É formada em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro [UERJ] e Mestra em Linguagens Visuais, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ]. Frequentou os ateliês de gravura da Escola de Artes Visuais [EAV] do Parque Lage e da UERJ e foi professora substituta de desenho na Escola de Belas Artes da UFRJ. Atualmente, leciona no Instituto de Artes da UERJ e nos espaços de arte independentes do Estúdio Belas Artes e do Centro Cultural Lanchonete< >Lanchonete. Em 2020 ganhou o Prêmio SelecT de Arte Educação [categoria Camisa Educação], com o projeto “Saída de Emergência”, feito em co-autoria com a artista Luiza Coimbra.
Andréa produz a partir de diversas linguagens, como o desenho, performance, escultura e fotografia, mas encontra na gravura uma investigação em especial: a operação de gravar uma superfície e produzir uma marca sobre um suporte se revela enquanto vontade de construção de um arquivo de memórias inscritas. Em uma entrevista para a revista Desvio, a artista comenta: “O que me interessa, para além do próprio comentário sobre gravura, é resgatar esses rastros de existências que são geralmente invisibilizadas ou apagadas; fazer lembrar e celebrar pessoas anônimas; contar e arquivar suas histórias em registros fragmentados.” As especificidades dos processos gráficos de seus trabalhos, como repetição, diferenciação e espelhamento, ensejam a discussão sobre aparelhos do adestramento escolar, ecoando folhas pautadas, exercícios de caligrafia, cadeiras para destros, carimbos didáticos, entre outros. De forma geral, a obra de Andréa reflete a situação da edução e do ensino público no Brasil, e por diversas vezes encontra na desobediência estudantil o lugar necessário de contestação e criação.


Tipos de comer
da série Tipos de comer, 2022
Impressão adesivada em PVC
Políptico de 18
13 × 20 cm cada


O trabalho é uma espécie de cartilha escrita dentro da minha própria boca – precisamente sobre a língua, órgão da comunicação/fala e da digestão. A tipografia é feita com macarrões para sopa de letrinhas. A cartilha apresenta nomes de alimentos geralmente encontrados nas cestas básicas. Tipos de comer é uma boca aberta pra comer e pra falar; uma cartilha contra as condições de inanição e ignorância em nosso país.


Sem Título
da série Tipos de comer, 2022
Impressão adesivada em PVC
Políptico de 18
13 × 20 cm cada


Sem Título
da série Tipos de comer, 2022
Impressão adesivada em PVC
Políptico de 18
13 × 20 cm cada


Sem Título
da série Mordido, 2019/2022
Coleta de lápis mordidos por estudantes
Dimensões variáveis
—
Fotografia: Pedro Bittencourt


Ensino Superior
2022
Madeira
55 × 60 × 209 cm
Ensino Superior integra a série de esculturas produzidas a partir de carteiras escolares descartadas por escolas e universidades. A mobília recuperada sofre uma série de alterações em sua estrutura. As formas resultantes ensaiam possibilidades disruptivas ou disfuncionais enquanto questionam certos aspectos da educação pública no Brasil, como as dificuldades de acesso ao ensino formal.
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Fotografia: Wilker Barros


Saída de Emergência
da série Protótipos Inadequados, 2021
Madeira
23 × 26 × 61 cm


Ensino Superior
da série Protótipos Inadequados, 2021
Madeira
23 × 26 × 61 cm


Ambidestra
da série Protótipos Inadequados, 2021
Madeira
26 × 23 × 42cm


Escreveu, não leu: o pau comeu


Escreveu, não leu: o pau comeu
As duas artistas, posicionadas de um lado e de outro do vidro da biblioteca do Museu de Arte do Rio [Espaço Orelha], empreendem sobre a superfície translúcida um exercício de cópia, de repetição escrita. A primeira artista escreve e reescreve ao longo de todo o vidro a frase “Escreveu, não leu: o pau comeu“ utilizando caneta de quadro azul. A segunda artista, do outro lado do vidro, contorna as letras já escritas – e espelhadas do seu ponto de vista – utilizando caneta de quadro vermelha; um exercício servil, mecânico, mimético e irrefletido. Não por acaso, o ditado popular que denota coerção, obediência irrefletida, utiliza como lugar metafórico o ambiente escolar. O discurso contido na sentença Escreveu, não leu: o pau comeu expõe as duas facetas de um mesmo problema: um processo de aprendizado reduzido a ideia de obedecer regras e repetir modelos estabelecidos sem ponderar e uma sociedade subserviente, alheia a um posicionamento crítico.
—
Fotografia: Rudolf Kurz


Escreveu, não leu: o pau comeu
2020
Performance
Museu de Arte do Rio [MAR]
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Co-autoria: Luiza Coimbra
Fotograf: Rudolf Kurz


Sem Título #1
da série Das vezes que não foi à Lua, 2017/2020
Frotagem
Grafite sobre algodão cru
53 × 77 cm
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Fotografia: Gabriel Lopes


Sem Título #2
da série Das vezes que não foi à Lua, 2017/2020
Frotagem
Grafite sobre algodão cru
90 × 45 cm
—
Fotografia: Gabriel Lopes


Sem Título #4
da série Das vezes que não foi à Lua, 2017/2020
Frotagem
Grafite sobre algodão cru
68 × 53 cm
—
Fotografia: Gabriel Lopes


“Este é um pequeno passo para o homem…”
[Neil Armstrong]
Investigo existências que não são mencionadas pela História e seus registros oficiais ou pela grande mídia, pessoas talvez consideradas não memoráveis; aquelas que se juntam nessa massa de gente nas ruas da cidade, que movimentam a vida diária e real. Diante das imagens célebres das pegadas de Neil Armstrong no terreno lunar, estas seriam apenas os pequenos passos de homens e mulheres comuns. Enquanto reúno esses vestígios, reflito sobre a própria forma como um arquivo é elaborado. Que interesses balizam o que deve integrar, ou não, o arquivo? Quem deve ser lembrado? Quem será apagado/esquecido? Quem tem direito à memória? Ou ainda, quem tem direito sobre ela?


Um palimpsesto de traços, desenhos, riscos, palavras depositadas sucessivamente. A série Prova de Estado é um conjunto composto por oito gravuras obtidas a partir da impressão de tampos de carteiras escolares.
A apropriação desta superfície como matriz xilográfica ready made gerou gravuras que reproduzem os registros deixados por diversas alunas e alunos ao longo do tempo.
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Fotografia: Caapiranga Produções


P.E. Janelas
da érie Prova de Estado, 2013
Xilogravura
Tinta tipográfica sobre papel chinês
42 × 60 cm
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Fotografia: Caapiranga Produções


P.E. Matheus coração
Xilogravura
Tinta tipográfica so papel chinês
42 × 60 cm
—
Fotografia: Caapiranga Produções


P.E. Pedro Thucca Mary
da série Prova de Estado, 2013
Xilogravura
Tinta tipográfica sobre papel chinês
42 × 60 cm


P.E. Zigue-zague
da série Prova de Estado, 2013
Xilogravura
Tinta tipográfica sobre papel chinês
42 × 60 cm


Cadeira Universitária
2017
Intervenção no espaço público com lambe-lambes
Serigrafia sobre papel jornal
Dimensões variáveis
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Co-autoria: Luiza Coimbra
Fotografia: George Magaraia


Cadeira Universitária
2017
Intervenção no espaço público com lambe-lambes
Serigrafia sobre papel jornal
Dimensões variáveis
—
Co-autoria: Luiza Coimbra
Fotografia: George Magaraia


Marimbas
2017
Carimbos didáticos, linha de pipa e cerol
100 cm


Marimbas
Carimbos didáticos, linha de pipa e cerol
100 cm


Desenho de pauta à mão livre
2017
Desenho
Caneta azul sobre folha de papel almaço sem pauta
Dimensões variáveis
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Fotografia: Caapiranga Produções


Desenho de pauta à mão livre
2017
Desenho
Caneta azul sobre folha de papel almaço sem pauta
Dimensões variáveis
—
Fotografia: Caapiranga Produções


Exercício da destreza
2016
Desenho
Grafite sobre folha pautada
Políptico de 70
29,7 × 21 cm cada


Exercício da destreza
Valendo-me de minha condição de canhota, iniciei um exercício diário de redação manual até que minha mão direita adquirisse a capacidade de produzir uma escrita semelhante a da esquerda. Em folhas pautadas escrevia repetidamente a frase “Devo desenhar com destreza”, dispondo-a como nas cópias que os alunos/as são obrigados/as a fazer.
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Fotografia: Caapirangas Produções


Estudo sobre a mesa
Apropriação de mesa escolar
Escultura | gravura
222 × 41 110 cm
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Fotogr: Karoline Mosinho e Galeria Nara Roesler


Estudo sobre a mesa
Vista da exposição Sobre os ombros de gigantes, na Galeria Nara Roesler, 2021
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Fotografia: Karoline Mosinho e Galeria Nara Roesler


Sem título #1
da série Evanescências, 2015
Gravura de topo e tinta tipográfica sobre papel Hahnemuhle
23,5 × 17 cm
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Fotografia: Pedro Bittencourt