É com grande entusiasmo que a Superfície apresenta Retirar o sol das cabeças, uma reza das imagens, primeira exposição individual da artista Gê Viana, com curadoria e texto de Thayná Trindade.
Gê Viana tem como mote poético a expurgação das violências estético-simbólicas de imagens históricas, construídas nas tramas da colonização brasileira. Revelar essas imagens a partir da própria experiência particular, torna-se ponto de partida no caminhar ao entendimento de si mesma, enquanto fruto das raízes que constituem suas descendências indígenas e africanas fincadas no território do Maranhão.
“Retirar o sol da cabeça” nos direciona aos ensinamentos afro-indígenas de cura, limpeza e reza para tudo aquilo que foi desgastado, forjado, forçado, empobrecido. A partir desse modo de ver e ser, apropria-se de imagens históricas do imaginário brasileiro, afasta o lugar de objeto e retoma o lugar de agente que revela mundos, nomeia indivíduos, gera possibilidades diversas de afeto, coletividades, alegrias, processos triviais imbuídos em cores, recortes e deslocamentos apresentados em seus trabalhos.
A mostra organiza-se em cinco núcleos de obras que circularam pelo Brasil e tantas outras inéditas. A presente exposição exibe um recorte panorâmico dos imaginários construídos por Gê Viana sob diferentes suportes—madeira, ráfia, papel, tecidos e lambe-lambe — e seus preciosismos artísticos que permitem coletivizar histórias, para além dos traumas e apagamentos, permitindo anseios de afeto e felicidade de si e dos seus.
—
Confira o catálogo da exposição.
—
Radiola de Promessa
da série Atualizações Traumáticas de Debret, 2022
Colagem digital
29,7 × 42 cm