Nervo Óptico — Conceitualismo e experimentação nos anos 70
04.09 — 17.11.18
Artistas

Texto e pesquisa: Ana Albani de Carvalho

Curadoria: Gustavo Nóbrega

Catálogo

Surgido em meados da década de 70, o Grupo Nervo Óptico foi um movimento de artistas de vanguarda do Rio Grande do Sul, com atuação entre 1976 e 1978. Sua inventiva produção — sobretudo usando a fotografia como suporte para experimentação — se destaca pela crítica à lógica de mercado como condutora das políticas culturais.

A exposição Nervo Óptico — Conceitualismo e experimentação nos anos 70 será a primeira mostra histórica do Grupo em galeria. Estarão em exibição obras da década de 1970 dos artistas Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Clóvis Dariano, Mara Alvares, Telmo Lanes e Vera Chaves Barcellos, caracterizadas pela experimentação em fotografia: colagens fotográficas, foto-perfomances, foto-livros, Super 8, entre outras produções. Paralelamente à exposição, Vera Chaves Barcellos e Mara Alvares participam da mostra Mulheres radicais: arte latino-americana, 1960–1985 na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

A história do Grupo Nervo Óptico se inicia em 1976, quando um grupo de jovens artistas de Porto Alegre começaram a se reunir. Nesses encontros, discutia-se o contexto cultural e político do Rio Grande do Sul. No mesmo ano, Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Clóvis Dariano, Jesus Escobar, Mara Alvares, Telmo Lanes, Romanita Disconzi e Vera Chaves Barcellos redigiram e assinaram um manifesto crítico à ideologia de mercado como condutora de políticas culturais, e deram início ao que chamaram de Atividades Continuadas, que consistiu em dois dias de exposição de objetos, obras gráficas, fotografias, instalações, livros de artista, projeções, performances, ações e debates, e que tiveram lugar na sede do MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul).

O nome Nervo Óptico, adotado em 1977, foi atribuído a uma publicação mensal “aberta a novas poéticas visuais”. Impresso em offset, no formato de “cartazetes”, esse material gráfico era distribuído de forma gratuita. Publicado mensalmente durante 13 meses, cada edição continha trabalhos inéditos de artistas do grupo ou convidados, e o trabalho dos artistas passou a repercutir fora do estado, rendendo aos artistas o nome Grupo Nervo Óptico, dado pelo crítico de arte Frederico Morais em uma matéria de jornal.

As atividades do Grupo se estenderam até 1978 com as sessões criativas, que renderam um farto material fotográfico de ações e atividades experimentais, caracterizadas pelo humor e por jogos inventivos. O Grupo Nervo Óptico ainda participou de outras exposições, como as realizadas na Galeria Eucatexto e no Instituto de Artes, no Centro Cultural São Paulo e na Fundação Vera Chaves Barcellos.