É com muita alegria que a Superfície anuncia a abertura de sua segunda sede em São Paulo, no dia 29 de agosto. Como parte do programa especial de comemoração dos seus dez anos, a galeria inaugura um novo espaço nos Jardins, na Casa 4 da Vila Modernista de Flávio de Carvalho. Com uma reforma que retoma aspectos originais do projeto, a Superfície Vila Modernista contará com um programa especial de exposições em paralelo à sede original na rua Oscar Freire. Além disso, o espaço sediará o Arquivo Superfície — iniciativa sem fins comerciais voltada à pesquisa e digitalização de documentos relacionados à arte conceitual e de vanguarda, com foco na década de 1970 —; e a Superfície Publicações — editora da galeria voltada a projetos inéditos, bem como a impressão de livros de artista e reedição de materiais históricos.
JORNAIS ETC. inaugura o novo espaço e reitera o trabalho da Superfície de desenvolver e contribuir para a trajetória de artistas contemporâneos ao mesmo tempo em que se debruça sobre produções históricas, especialmente as de vanguarda com apelo experimental. De forte cunho político e conceitual, a coletiva reúne 21 artistas entre nomes consagrados — como Antonio Manuel, Amelia Toledo, Cildo Meireles, Anna Bella Geiger e Paulo Bruscky — e artistas emergentes que se destacaram desde os anos 2000 — como Cinthia Marcelle, Renata Lucas, André Komatsu, Anna Costa e Silva, Vitor Cesar, Marcelo Cidade — que utilizam o jornal como elemento investigativo em seus trabalhos.
Com cerca de 30 obras, a mostra conta com pesquisa e seleção colaborativa entre o curador Diego Matos e o galerista Gustavo Nóbrega, apresentando um índice inicial de diferentes processos de subversão do jornal, seja na forma ou na linguagem do meio, tendo como ponto de partida a produção da neovanguarda brasileira atenta às novas linguagens. Em trabalhos como os de Antonio Manuel e Paulo Bruscky, o uso do jornal acontece como perturbação à ideia de informação, apropriando-se da circulação e do alcance do mesmo; por sua vez, nas obras de Marcelo Cidade e Cinthia Marcelle, o jornal torna-se o elemento a ser especulado, adotando-se signos que o deturpam e construindo novas materialidades; já nos trabalhos de Juan Casemiro e José Leonilson, o artista apropria-se da própria materialidade original do jornal para um discussão pictórica que parece sugerir a construção de um ready-made poético-visual.
A mostra traz o jornal como protagonista do cenário artístico dos anos 1960 até hoje, tomando emprestado em seu próprio título uma lembrança do Salão da Bússola [MAM RJ, 1969], mostra em que se dispôs a categoria ‘Etc.’ para inscrição os trabalhos que não se encaixavam nos suportes e técnicas tradicionais. Assim, JORNAIS ETC. espelha a percepção de um acúmulo de traços e ideias, signos e imagens; uma espécie de palimpsesto de informações que vão se sobrepondo e que se tornam registro da memória do tempo presente.
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A mostra abre no dia 29 de agosto na Superfície Vila Modernista — Alameda Lorena 1257 – Casa 4 — e permanece em cartaz até o dia 12 de outubro de 2024, e pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábado, das 11h às 17h.
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Confira o preview da exposição.
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Amelia Toledo
Emergencies, 1973
Carimbo e acrílica sobre papel jornal
58,5 x 38 cm