A Galeria Superfície inaugura no dia 16 de setembro a segunda exposição individual da artista Débora Bolsoni, com texto de Leandro Muniz. A mostra intitulada Fuso Motriz apresenta trabalhos inéditos desenvolvidos entre 2020 e 2021, que ecoam o estado de ânimo interno da artista diante do isolamento social experienciado nos últimos tempos.
O tempo aliás é o condutor da exposição. Conhecida por seus trabalhos com forte presença espacial, Débora parece ter transformado a sua relação com o espaço, como resposta à sua ausência, para explorar as notações de tempo. Ela deixa-se afetar pela falta de experiências sociais, implicando a quase anulação do volume nas obras desta individual.
Chapas metálicas são pintadas com tinta látex e formam uma superfície branca que parece transpor a parede. Sobre esse plano, ela esboça elementos que remontam a mostradores de relógios, gráficos de dados, radares e outros instrumentos de medição do tempo. Seu traço é leve e não se altera com a escala do trabalho. Se a escrita é a perpetuação de algo, aqui ela torna-se quase efêmera. Nas suas obras, o tempo se encadeia e o território é mental: mais visual e menos corpóreo. Mas, de certa forma, Débora continua respondendo ao espaço: seus trabalhos vão à parede, conversando com a arquitetura forte e limpa da galeria.