Poesia, vanguarda e opinião
03.10 — 07.12.24
Artist: 

A Superfície tem o prazer de apresentar a exposição Pedro Escosteguy — poesia, vanguarda e opinião, primeira individual do artista em São Paulo. A mostra retoma a obra e a trajetória de Pedro Escosteguy, nome de grande relevância para a arte de vanguarda e para a descentralização dos meios de arte tradicionais. A exposição retrospectiva do artista reitera o compromisso da Superfície no resgate e consolidação de nomes importantes da  arte de vanguarda no Brasil, e será acompanhada por um livro panorâmico do artista editado pela Superfície Publicações, com lançamento previsto para o término da exposição.

Pedro Escosteguy foi uma figura central no debate da arte política no país, destacando-se pela participação e organização de diversos eventos que se tornaram célebres para a história da arte, como Opinião 65, Proposta 65, Opinião 66, Pare (1966), Nova Objetividade Brasileira (1967). O artista também esteve presente na 8ª e 9ª Bienal de São Paulo, em 1965 e 1967 respectivamente. No mesmo período, ele desenvolve o filme Arte Pública (1967), do qual criou texto e roteiro, documentando a Bienal de 1967, os ateliês de diversos artistas e performances de Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica. 

A década de 1960 marcou um período fundamental para a arte no Brasil: frente às crises políticas e socioculturais, iniciou-se uma ruptura com os suportes tradicionais, apontando para uma arte mais participativa que busca a superação de seus princípios formais, alargando as possibilidades técnicas e incorporando novos procedimentos. É nesse contexto que o poeta  Pedro Geraldo Escosteguy se estabelece no Rio de Janeiro, tornando-se próximo de nomes  como Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Rubens Gerchman e Antonio Dias.

A partir disso, a produção poética  de Escosteguy passa pelo encontro com a experimentação de técnicas e suportes, adentrando um novo domínio: o universo tridimensional dos seus objetos semânticos. A importância da obra plástica de Pedro Escosteguy se dá tanto por suas qualidades intrínsecas, quanto pelo papel desbravador e influenciador que trazia aos seus pares e aos movimentos da arte de vanguarda brasileira naquele momento. Fundindo estética e política, ele foi capaz de quebrar os limites tradicionais de criação entre literatura e artes visuais, proporcionando seu transbordamento para o mundo real dos objetos e sua reinvenção em um novo espaço integral ainda em formulação e invenção que convidava a participação do espectador na obra.

Sua obra e seu papel como liderança intelectual proporcionavam subsídios da maior importância para instrumentalizar o desenvolvimento de outras experimentações criadoras subjacentes, paralelas ou interconectadas. No universo fervilhante de criação poética daquele momento, no qual a articulação de palavra e imagem era estrutural, Escosteguy foi, talvez, um dos poucos poetas a assumir um lugar pleno e indiscutível no universo das artes visuais.*

Com texto de Evandro Salles, Pedro Escosteguy — poesia, vanguarda e opinião traz trabalhos fundamentais para compreender a produção de Pedro Escosteguy, e aponta para a urgência de revisitar a obra do artista, permitindo atualizar e restabelecer sua relevância histórica.

A mostra tem abertura prevista para o dia 3 de outubro de 2024, e fica em cartaz na Superfície Oscar Freire até dezembro.

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Trecho extraído do texto
Os Objetos Semânticos de Pedro Escosteguy no Contexto da Arte Brasileira, escrito por Evandro Salles em ocasião do livro Poesia, vanguarda e nova objetividade, projeto da Superfície Publicações com lançamento previsto para o término da exposição.

Superficie_Pedro-Escosteguy_Poesia,-vanguarda-e-opiniao_OUT2024_Capa Site

Pintura Tátil

1964
Letras em plástico, tecido, metal e acrílica sobre madeira
46 x 70,5 cm

Torturador (O Monstro)

1964
Ferro, borracha, plástico e acrílica sobre madeira
90 x 70 cm

Ar Vermelho

da série Fantasma, 1966-1967
Madeira e acrílico
30 x 30 cm

Sem Título

Déc. 1960
Acrílica sobre madeira, acrílico e ligação elétrica
65 x 105 cm

Jogo (Roleta)

1964
Acrílica sobre madeira
120 x 60 cm

Estória (O Fim da Idade do Chumbo)

1965
Acrílica sobre madeira
70 x 100 cm

Antonio Dias e Pedro Escosteguy

Sem Título, 1964
Guache e nanquim sobre papel e acrílica sobre madeira
70 x 100 cm

Psicodrama (Paz)

1965
Acrílica e metal sobre madeira
140 x 185 cm

O Circo

Sem Título

Déc. 1960
Assemblage e acrílica sobre eucatex
130 x 80 cm

Ar (Arma)

1966-1967
Caixa acrílica e recorte em acrílico
25 x 30 x 4 cm

Liberdade

1960/1970
Esquadro, metal e acrílica sobre madeira
70 x 50 cm

Jogos da Paz

da série Imantados, 1966
Pintura, letraset, ímã sobre madeira e metal
70 x 70 cm

Jogos da Paz

1966
Letraset e acrílico sobre madeira
70 x 70 cm

Cyborg [Operação Tartaruga]

1967/2024
Madeira, metal, vidro e plástico
100 x 55 x 112 cm

Vampiro do Rabo Preso

1968
Metal e acrílica sobre madeira
40 x 28 x 6 cm

Auto-retrato

Déc. 1960
Espelho e acrílica sobre madeira
39 x 21 x 21 cm

Detetor

1967
Óleo sobre madeira e acrílico
90 x 65,9 x 15 cm

Cartaz

1967
Acrílica sobre madeira
180 x 132 cm

Cidade Setembro

1965
Ponta seca e acrílica sobre madeira
75 x 103 x 4 cm

Seven Days

1971
Objeto-poema, caixa acrílica com 7 lenços
80 x 30 x 6,5 cm

Ar

1974
Caixa acrílica
6,7 x 11,4 x 4 cm

Poem/Project

1971
Caixa acrílica e serigrafia
20 x 30 x 6,5 cm

A garrafa (Resista)

1969
Vidro, tecido e plástico
19,5 x 7,5 x 7,5 cm

O Pássaro

1969
Fórmica, acrílico
e areia monalística 
20,5 x 19,9 x 4,3 cm

Ideograma (Escaleta)

Ideograma (Escaleta), 1972
Caixa de madeira, aço e vidro
22,2 x 57,8 x 9 cm

Jorge Sirito, Paulo Martins e Pedro Escosteguy

Perigo radioativo, 1972
Acrílico
25,5 x 4cm

A mocinha da lua

1966
Madeira e acrílico

24 x 17 cm

Sem Título

1967
Acrílico
22 x 22 cm

Pombo do coração quente

1967
Caixa de metal, acrílico, pena e ligação elétrica
18 x 22 x 22 cm

Instrumento I, II, III e IV

1973
Martelo, pá, pêndulo, areia, madeira, pedra, cola e fórmica
160 x 53,5 cm

Sem Título

Déc. 1960
Acrílica sobre madeira
25 x 15 cm

Arte Pública

1968
Filme
14’