Fotógrafo, pintor, escultor e artista multimídia, Luiz Alphonsus é um dos principais expoentes da arte conceitual nacional. Precursor da Land Art no Brasil, sua produção é marcada pelas formações geológicas e situações geográficas de seus arredores: hora os mares de morro do Rio de Janeiro, hora o céu de Brasília, a paisagem e sua relação com o homem é tema fundamental de sua obra. Usando o desenho e a palavra para traçar mapas físicos e subjetivos, Luiz Alphonsus discute nosso lugar no mundo.
Natural de Belo Horizonte, Luiz Alphonsus inicia sua trajetória nos anos 1960, já morando em Brasília, cidade fundamental para sua formação artística. Lá conhece e se aproxima de Cildo Meirelles, Guilherme Vaz e Alfredo Fontes, artistas com quem integra um grupo, e ao lado dos quais enfrenta os anos mais severos da ditadura militar. Em 1969, morando no Rio de Janeiro, funda a Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna [MAM] do Rio de Janeiro, com Frederico Morais, Guilherme Vaz e Cildo Meireles: encarada como um laboratório de pesquisa de novas linguagens, a UE discutia não só a participação e presença do espectador na obra, mas os próprios limites das categorias artísticas, do papel do artista, do crítico e das instituições.
Indissociável do cenário político do período entre as décadas 1960 e 1970, a obra de Luiz Alphonsus reflete as tensões de sua época. Em 1970 participa da exposição Do corpo à terra — um marco para a arte de vanguarda brasileira —, organizada por Frederico Morais, com o trabalho Napalm, no qual o artista incendeia uma faixa plástica de 15 metros usando napalm, estendida sobre a grama do Parque Municipal de Belo Horizonte. O artista adota a ideia de uma linha infinita, de fluxo contínuo, presente na série 60 white meters (1969) e no trabalho Encontro em um ponto (1970). Do mesmo ano, Negativo/Positivo explora a natureza enquanto objeto da fotografia e máquina fotográfica simultaneamente, usando do tempo transitório e incandescente do fogo para registrar uma “escrita da luz”.
Esteve presente em importantes coletivas que posteriormente se tornaram marcos para a arte brasileira, como a participação no 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal (1967); 2ª Bienal Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna da Bahia (1968); Salão da Bússola (1969) com o trabalho Túnel, XI Bienal de São Paulo com a instalação Dedicado a paisagem do nosso planeta; Expoprojeção São Paulo (1973) com o vídeo Besame Mucho, entre tantas outras.
No final dos anos 1970, passa a se dedicar à série de fotografias Bares Cariocas, onde retratou botequins de rua do Rio de Janeiro. Com cerca de três mil imagens, todas realizadas à noite, esse conjunto atesta o interesse do artista não só pelo site urbano, mas pela pela arte e a cultura populares produzidas em meio à cidade.
Por fim, as obras dos anos 2000 atualizam as dimensões trabalhadas durante os anos 1960 e 1970: agora, no entanto, somos carregados para além da dimensão política e entregues ao tráfego do tempo e do espaço sideral, com escritos sobre o passado e o futuro.