A prática artística de Lotus Lobo identifica-se profundamente com o repertório técnico, mas também experimental da Litografia, contemplando, ainda, o resgate e a preservação da memória da linguagem da gravura em Minas Gerais.
Sua pesquisa caracteriza-se pelo uso diversificado de suportes e procedimentos extraídos do processo litográfico, sua capacidade técnico-expressiva, que se manifesta como importante aporte material e conceitual para a sedimentação da linguagem autoral. Tal investigação inaugura-se com a apropriação e ressignificação de marcas litográficas industriais, perpassa a experimentação de diferentes bases (pedra, papel, plástico, acrílico e folha de flandres), culminando na intervenção e releitura das marcas (as anotações).
No decorrer dessa vasta produção, Lotus Lobo constituiu um importante acervo de pedras litográficas, matrizes em zinco e embalagens em folha de flandres provenientes da Estamparia Juiz de Fora, Minas Gerais, décadas de 1930–1960. Nesses suportes, apresentam-se desenhos de antigas marcas de produtos alimentícios: manteiga, balas, biscoitos, fumo e banha. Tal acervo serviu, significativamente, como repertório iconográfico na produção de obras de diversos períodos de sua trajetória artística. Tais experiências, inauguradas nos anos 1970, foram seminais na construção discursiva da artista e ainda reverberam na sua produção contemporânea.
Na sua carreira artística, merecem destaque sua participação na X Bienal de São Paulo [1969], quando recebe o Prêmio Itamaraty ao exibir três objetos-gravuras manipuláveis pelo público e, ainda, na emblemática exposição “Do Corpo à Terra”, organizada pelo crítico de arte Frederico Morais, ocorrida no Parque Municipal de Belo Horizonte [1970].