
Nascida em Viena, em 1930, Gerty Saruê fugiu do regime nazista aos nove anos, indo morar na Bolívia. Em 1954, muda-se para São Paulo acompanhada dos filhos e do marido, reencontrando a cidade grande que havia deixado quando pequena. Gerty acompanha o crescimento desenfreado da metrópole como uma testemunha ocular apaixonada pelas máquinas do mundo: engrenagens que fazem o corpo respirar. O contexto urbano, a cultura de massa e a sociedade industrial terão, desde o início, papel fundamental em seu fazer artístico.
Apesar de sua produção começar apenas em solo brasileiro, ela já demonstrava interesse pelas artes visuais na Bolívia, mas lhe faltavam oportunidades de estudar o assunto. No Brasil, Gerty então fará cursos de rápida duração de estética e história da arte com Anatol Rosenfeld, também estudará pintura com Yolanda Mohalyi e Henrique Boese. Em 1964, faz sua primeira exposição onde apresenta guaches na Galeria Convívio, em São Paulo. Além da prática de desenho, ela passa a pesquisar e realizar as assemblages e monotipias.
Gerty participaria de salões e bienais, como a IX Bienal de São Paulo, em 1967, e a seguinte, em 1969. A década de 1970 marcará a consolidação de sua carreira, tendo uma de suas exposições um texto de apresentação escrito por Mario Schenberg. Além disso, iniciará as numerosas parcerias ao lado do artista Antonio Lizárraga, enquanto ele era o responsável por projetos gráficos de livros importantes, Gerty ilustrava-os. Um deles era Panaroma do Finnegans Wake, de Augusto e Haroldo de Campos. A respeito do trabalho de Gerty, Haroldo escrevera: “Não se trata de ilustrações, mas de uma verdadeira tentativa de tradução inter-semiótica.”
A parceria com Lizárraga se repetiria em 1973, junto do qual colaborou no trabalho Metrópole, exposto na XII Bienal de São Paulo. Dois anos depois, Gerty Saruê participará pela primeira vez do Panoramas da Arte Atual Brasileira, no MAM São Paulo, apresentando uma instalação. Até o fim dos anos 1990, sua produção é frequentemente pautada pelo uso da fotografia analógica, de cópias eletrostáticas, impressões offset, cópias heliográficas e plotagens. Na década seguinte, passa a trabalhar com mais intensidade utilizando-se do computador e do processamento eletrônico de informações. Pode-se percorrer sua obra por uma linha historiográfica dos meios de reprodução da imagem: o pensamento gráfico em articulação com a reprodutibilidade técnica e os concomitantes progressos da atividade industrial.


Gerty Saruê na 12ª Bienal de São Paulo , 1973
Dentro do grupo nascente de artistas da São Paulo-Megalópolis, Gerty ocupa uma posição de destaque, pela capacidade de sentir problemas universais de nossos dias e pela linguagem desligada de restrições regionais. Utilizando uma combinação de impressão e desenho, ela vem conseguindo encontrar uma expressão silenciosamente dramática da tremenda tensão espiritual característica dos dias que correm em todo o mundo. As suas formas mecânicas e letras de tipografia tornam-se símbolos eficazes de angústia e procura.
—
Fragmento do texto escrito por Mário Schenberg em ocasião da mostra Gerty Saruê, na Piccola Galleria, 1970


Metrópole
1973
Instalação em telhas de concreto para a 12ª Bienal de São Paulo


Metrópole
1973
Instalação em telhas de concreto para a 12ª Bienal de São Paulo, 1973


Metrópole
1973
Instalação em telhas de concreto para a 12ª Bienal de São Paulo, 1973


Metrópole
1973
Instalação em telhas de concreto para a 12ª Bienal de São Paulo, 1973


Devaneio na colina
Guache sobre papel25 × 35 cm


Sem título
1964
Guache sobre papel
37,5 × 50 cm


Sem título
1968
Guache sobre papel
40,5 × 47,5 cm


Pintuta-Montagem I
Madeira e ferro
36,5 × 53,5 × 6 cm
—
Exposições:


Pintura-Montagem III
Madeira e ferro
58,5 × 58,5 × 6 cm
—
Exposições:


Pintura-Montagem V
1967
Madeira e ferro
55 × 74 × 6 cm
—
Exposições:
9ª Bienal de São Paulo, 1967


Sem título
1967
Madeira e ferro
33 × 81,5 cm


Ímã
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
72 × 50,5 cm


Sem título
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
23 × 19 cm


Sem título
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
33,5 × 48,5 cm


Tchecov
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
50 × 70 cm


Sem título
1969
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
Políptico de 6
29 × 23 cm cada


Estruturas I
1969
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
Políptico de 6
23 × 29 cm cada


Estruturas III
1969
Monotipia e
tinta tipográfica sobre papel
Políptico de 5
88 ×105 cm


Monotipia II
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
31 × 22 cm


Monotipia III
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
30,5 × 23 cm


Sem título
Colagem, letraset e nanquim sobre papel milimetrado
30 × 43 cm


Sem título
Cópia eletrostática
29,5 × 42,5 cm


Sem título
1984
Cópia eletrostática
29,5 × 42,5 cm


Monotipia
1970
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
45 × 32 cm


Monotipia I
1970
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
21 × 29 cm


Monotipia II
1970
Monotipia e tinta t
ipográfica sobre papel
Díptico, 29 × 21 cm


Monotipia V
1970
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
21 × 29 cm


Monotipia VII
1970
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
21 × 29 cm


Usina
Monotipia e tinta
tipográfica sobre papel
31,5 × 41,5 cm


Laboratório
Nanquim sobre papel
31,5 × 44 cm


Sub-Laboratório
Impressão offset
32 × 45 cm


Sem título
1971
Ensaio gráfico para o livro ‘Panorama do Finnegans Wake’ , de Augusto e Haroldo de Campos, publicado pela editora Perspectiva


Sem título
Ensaio gráfico para o livro ‘Panorama do Finnegans Wake’ (1971), de Augusto e Haroldo de Campos, publicado pela editora Perspectiva


Metrópole
1973
Instalação em telhas de concreto para a 12ª Bienal de São Paulo, 1973


Metrópole
1973
Instalação em telhas de concreto para a 12ª Bienal de São Paulo, 1973


Abecedário
Nanquim sobre papel
34 × 117 cm


Estruturas
Serigrafia sobre papel
57 × 75 cm


Torre
Serigrafia sobre papel
86 × 60 cm


Diagonais
Serigrafia sobre papel
50 × 70 cm


Sem título
Serigrafia sobre papel
50 × 70 cm


Vigas
Serigrafia sobre papel
50 × 70 cm


Guinchos
Serigrafia sobre papel


Cubatão
Serigrafia sobre papel
70 × 50 cm


Sem título
Bastão de óleo sobre papel
56 × 56 cm


Grafismos
22 × 30 cm


Microfichas, sinais, quadrado
Cópia eletrostática
31,5 × 21,5 cm


Microfichas, sinais
Cópia eletrostática
31,5 × 21,5 cm


Sem título
da série Burocráticas, 1984
Letraset, nanquim
e colagem sobre papel
36 × 2 cm


Sem título
da série Burocráticas, 1984
Letraset, nanquim
e colagem sobre papel
36 × 2 cm


Sem título
da série Burocráticas, 1984
Letraset, nanquim
e colagem sobre papel
36 × 2 cm


Sem título
Acrílica sobre madeira


Buraco Negro
1992
Bastão de óleo sobre papel
70 × 100 cm


Sem título
1992
Bastão de óleo sobre papel
50 × 7o cm


Sem título
1992
Bastão de óleo sobre papel
56 × 76 cm


Sem título
1992
Bastão de óleo sobre papel
70 × 100 cm


Sem título
Ensaio gráfico de 1993 para o encarte do livro ‘Bere’shith — A cena da origem’ (2000), de Haroldo de Campos, publicado pela editora Perspectiva


Vista da exposição ‘Projeções 2— Arte e Palavra’ (1996 ) na Livraria Vozes, em São Paulo.


Sem título
1996
Escultura em borracha
e arame
Dimensões variáveis


Sem título
1996
Escultura em borracha
e arame
Dimensões variáveis


Sem título
1996
Escultura em borracha
e arame
Dimensões variáveis


Sem título
1996
Escultura em borracha
e arame
Dimensões variáveis


Sem título
Serigrafia
71 × 86, 5 cm


Sem título
Serigrafia
100 × 70 cm


Nebulosa
Impressão digital
90 × 77 cm


Sem título
Impressão digital
63 × 110 cm


Sem título
2000
Bastão de óleo sobre papel
70 × 100 cm


Bolas originais
2000
Bastão de óleo sobre papel
23 × 30 cm


Quadrados
2000
Bastão de óleo sobre papel
30 × 42 cm


Bolas triplas
2000
Bastão de óleo sobre papel
24 × 32 cm


Coluna branca
2002
Bastão de óleo sobre papel
24 × 32 cm


Coluna preta
2000
Bastão de óleo sobre papel
24 × 32 cm


Sem título
2000
Bastão de óleo sobre papel
23 × 31 cm


Garras
2000
Bastão de óleo sobre papel
24 × 32 cm


Carreta
2000
Bastão de óleo sobre papel
20 × 42 cm